A Copa do Mundo disputada na África do Sul foi um sucesso de público e terminou com um balanço positivo da Fifa e das autoridades responsáveis. A desconfiança foi grande quando saiu o anúncio de que um Mundial seria realizado no continente africano, mas apesar dos constantes assaltos aos cofres dos hotéis e de alguns engarrafamentos nas vias de acesso ao Soccer City, o povo sul-africano mostrou que é possível receber bem os turistas e ter o mínimo de organização para um evento desse porte.
O lançamento da logomarca da Copa do Mundo 2014 foi o pontapé inicial para o nosso Mundial e fez com que as atenções da mídia se voltassem para nós. A descrença sobre a capacidade brasileira de organizar o campeonato pode ser até maior do que a que pairava sobre a África do Sul. Com o apito final nos estádios africanos, chegou a hora de estudar, pensar e planejar os passos que irão transformar a desconfiança em realidade. E esses quatro anos vão passar de forma rápida, muito rápida.
Preocupado com a responsabilidade que recairá sobre a Cidade Maravilhosa, o deputado estadual Fernando Gusmão, que preside a Comissão de Esportes da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, organizou, entre maio e junho deste ano, uma série de debates sobre o assunto em bairros como Tijuca, Copacabana e Botafogo. O blog O Glorioso participou da reunião realizada em Botafogo, no dia 9 de junho, que contou com a participação de Jandira Feghali, ex-Secretária de Cultura do município do Rio de Janeiro.
Na abertura da palestra “Copa do Mundo 2014 e Olimpíadas 2016”, Fernando Gusmão ressaltou que é preciso pensar além da estrutura de estádios e parques esportivos. A melhoria nos transportes públicos, a ampliação da rede hoteleira, a reforma do Porto do Rio e o controle dos níveis da violência urbana devem entrar na pauta das discussões do setor público e privado.
Jandira Feghali elogiou o fim dos desentendimentos políticos e a recente parceria entre as esferas de poder Federal, Estadual e Municipal, o que permitiu um aumento nos investimentos no Estado do Rio e lembrou a maratona de eventos que irão acontecer na cidade até 2016: “No ano que vem, teremos os Jogos Militares com a participação de 160 países; em 2013, será a vez da Copa das Confederações; depois a Copa do Mundo 2014; as Olimpíadas em 2016 e, muito possivelmente, o Encontro Mundial de Jovens da Igreja Católica em 2015. Muito trabalho e com pouco tempo de preparação”.
Segundo Jandira, esses eventos podem ser fundamentais para divulgar uma imagem positiva da nossa cidade no exterior e aumentar ainda mais o fluxo de turistas. Para aproveitar esse momento será preciso investir em educação, como por exemplo, cursos de línguas para voluntários, guardas municipais e policiais.
O Rio sediará também os Jogos Paraolímpicos em 2016 e isso significa adaptar os aparelhos urbanos para receber os atletas com necessidades especiais. Além das óbvias transformações estruturais, que serão melhorias definitivas para o município, o legado das Olimpíadas passa pela mudança de comportamento da população.
O transporte público é uma das principais deficiências da cidade, tanto Gusmão quanto Feghali se mostraram apreensivos sobre o assunto. Fernando destacou que é preciso ramificar as linhas do Metrô e não somente acrescer estações no mesmo ramal. Jandira apontou o transporte marítimo como uma possível solução para diminuir os engarrafamentos no trecho entre a Praça XV, no Centro, e Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste da cidade.
A nova distribuição dos royalties do petróleo não foi esquecida. Fernando Gusmão não acredita que o presidente Lula irá deixar passar a nova proposta e Jandira Feghali afirmou que é preciso lutar pela manutenção dos recursos, mas lembrou que a fiscalização na aplicação das verbas precisa ser mais severa. Os números que envolvem a realização da Copa do Mundo 2014 são astronômicos: estima-se que os investimentos serão da ordem de R$ 116 bilhões gerando 18 milhões de empregos diretos em todo o país.
A Copa da África terminou, o polvo Paul está descansando em seu aquário, a Espanha ainda comemora o merecido título, e nós, brasileiros, temos mais uma batalha pela frente: não podemos nos esquecer que 2010 é também ano de eleição para presidente, governador, senador, deputado federal e deputado estadual. É hora de esquecer um pouco a seleção brasileira e pensar no futuro do país.