“Tem coisas que só acontecem com o Botafogo!” A célebre frase ecoou mais uma vez no pensamento do torcedor alvinegro após a vitória convincente de 3 a 0 sobre o Goiás, no último domingo, 23 de maio, no Engenhão, pela terceira rodada do Campeonato Brasileiro. O time começou mal, foi dominado, Jeferson fez defesas salvadoras e quando todos esperavam pelo fim do primeiro tempo, eis que, em dois lances, o Botafogo desce para o vestiário com a vantagem de 2 a 0 no placar.
Nem mesmo o apagão de energia que derrubou metade das torres de iluminação do estádio foi capaz de esfriar a motivação da torcida e o terceiro gol de Herrera indicava que com a vitória sacramentada bastava tocar a bola, esperar pelo apito final e pensar no próximo adversário na sequência da tabela.
Mas quando nada poderia atrapalhar a festa nas arquibancadas a velha frase aparece para assombrar o Engenhão! Lembra dela? “Tem coisas que só acontecem com o Botafogo!” Caio e Herrera se desentendem, trocam ofensas, empurrões e o Botafogo perde para o Cruzeiro. Simples assim.
Aqueles três pontos conquistados diante do Goiás poderiam se juntar a mais três nesta quarta e levar o time do Joel a beliscar a liderança provisória no certame. Enfrentar o Cruzeiro no Mineirão nunca é tarefa fácil, mas o que se viu nesta noite foi exatamente o que a torcida alvinegra prenunciou no momento da dupla expulsão de domingo, ou seja, dava pra vencer lá sem tantos desfalques.
Adilson Batista dirige a Raposa pelo terceiro ano seguido, ganhou dois mineiros, chegou até uma final de Libertadores, mas não agrada aos cruzeirenses nem com vitória! A equipe mineira esteve sem criatividade, pouco ameaçou a meta de Jeferson e se mostrou mais do que satisfeita com o 1 a 0 conquistado na primeira etapa.
O Botafogo teria que aprender a jogar sem o Loco Abreu – dispensado para se apresentar ao selecionado do Uruguai – nas primeiras rodadas antes da Copa do Mundo, isso é óbvio, mas perder os dois atacantes de referência de uma vez é muita complicação para uma prancheta solitária.
Joel Santana conseguiu fazer a dupla Caio & Herrera funcionar e ainda teve opções como o Renato e o Edno para mudar os jogos no segundo tempo. Contra o Cruzeiro faltou competência e calma na hora das finalizações: foram muitos lances perigosos e um pênalti inacreditavelmente desperdiçado. O chute de Alessandro, aos 43 do segundo tempo, poderia ter posto justiça no placar.
Não é preciso reclamar dos impedimentos assinalados pelos dois bandeirinhas, é preciso reclamar do posicionamento dos atacantes alvinegros que teimaram em ficar além da linha de zaga mineira. Edno e Alex não colocaram a culpa na falta de entrosamento, mas a falta de ritmo de jogo ficou evidente.
Em alguns momentos percebi que o Edno se parece muito com um tal de Victor Simões. A cabeçada ridícula para a fácil defesa do goleiro Fábio já era um indício de que seria difícil, muito difícil encaixar um ataque para fazer o golzinho de empate. A jogada aérea, nossa principal arma em 2010, não funcionou, não tivemos nenhum lance de perigo contra a meta cruzeirense com esse fundamento.
Quando o Lucio Flavio voltará a cobrar as penalidades? Ele não está treinando? Como pode um jogador que bate faltas e escanteios tão bem ter medo de cobrar um pênalti? O Renato fez tudo o que está no manual: disparou a meia altura, sem força e entregou o canto da cobrança.
Ah, esse é o manual dos goleiros sobre como defender um pênalti mal cobrado. No manual dos atacantes diz: rasteiro ou no alto, firme no canto e nunca entregar o lado da batida. Será que o auxiliar técnico não estudou como o Fábio pula na hora dos penais? Auxiliar técnico não serve para auxiliar o técnico nestas questões?
O gol sofrido diante do Cruzeiro foi uma clara demonstração da incompetência do sistema defensivo alvinegro. Um time que tem três zagueiros, dois volantes e que ainda prende os laterais não pode deixar o principal atacante adversário aparecer livre, dentro da pequena área, cara a cara com o Jeferson! O Botafogo sofreu cinco gols neste Brasileirão, sendo quatro deles dentro da pequena área e um da marca do pênalti. E em todos os lances o atacante estava livre de marcação.
A torcida sabe que o Campeonato Brasileiro é o mais disputado do mundo, mesmo que nivelado por baixo, e que qualquer ponto faz a diferença ao fim das trinta e oito rodadas. Uma vitória diante do Vasco, neste domingo, no Engenhão, recolocará o time no rumo certo e trará a confiança necessária para o confronto contra o Atlético-PR, na Arena da Baixada, pela sexta e penúltima rodada antes da paralisação para a Copa do Mundo.
Vamos comparecer em peso ao Engenhão e empurrar a equipe para mais uma vitória! Podemos acabar essa fase inicial, antes da Copa, na liderança do Brasileirão e não se esqueçam:
– Tem coisas que só acontecem com o Botafogo!
Ficha Técnica:
3ª Rodada: Botafogo 3 x 0 Goiás (23/05/2010)
Botafogo: Jefferson, Fahel, Antônio Carlos e Fábio Ferreira; Alessandro, Leandro Guerreiro, Sandro Silva (Edno), Lucio Flavio (Renato) e Somália; Caio e Herrera.
Técnico: Joel Santana.
Goiás: Fábio, Rafael Tolói, Augusto (Rafael Moura) e Marcão (Ernando); Wendel Santos, Jonilson, Amaral, Hugo (Rodrigo Callasa), Bernardo, Wellington Saci; Éverton Santos.
Técnico: Emerson Leão.
Gols do Botafogo: Lucio Flavio aos 40 e Somália aos 42 minutos do primeiro tempo; Herrera aos 27 minutos da etapa final.
Local: Engenhão/RJ
Árbitro: Alísio Pena Júnior (MG)
Cartões Amarelos: Jonílson, Augusto e Rafael Tolói (Goiás); Antônio Carlos e Edno (Botafogo)
Cartão Vermelho: Fábio e Wellington Saci (Goiás); Caio e Herrera (Botafogo)
Crédito das fotos: Paulo Sérgio do Lancenet
4ª Rodada: Cruzeiro 1 x 0 Botafogo (26/05/2010)
Cruzeiro: Fábio, Jonathan, Gil, Leonardo Silva e Fernandinho; Fabinho (Elicarlos), Henrique, Marquinhos Paraná e Roger (Pedro Ken); Thiago Ribeiro (Guerrón) e Kleber.
Técnico: Adílson Batista.
Botafogo: Jefferson, Fahel, Antônio Carlos e Fábio Ferreira; Alessandro, Leandro Guerreiro, Sandro Silva (Alex), Lucio Flavio (Marcelo Cordeiro) e Somália; Edno e Renato (Diguinho).
Técnico: Joel Santana.
Gol do Cruzeiro: Thiago Ribeiro aos dezoito minutos do primeiro tempo.
Local: Mineirão/MG
Árbitro: Jaílson Macedo Freitas (BA)
Cartões Amarelos: Fernandinho, Kleber, Gil, Leonardo Silva e Guerrón (Cruzeiro); Fábio Ferreira e Diguinho (Botafogo).
Crédito das fotos: Ramon Bittencourt do Lancent
Tags: Adilson Batista, Alessandro, Amaral, Antônio Carlos, Arena da Baixada, Atlético-PR, Augusto, Éverton Santos, Bernardo, Botafogo, Botafogo de Futebol e Regatas, Caio, Campeonato Brasileiro, Christian Jafas, Cruzeiro, Edno, Elicarlos, Emerson Leão, Engenhão, Ernando, Fabinho, Fahel, Fábio, Fábio Ferreira, Fernandinho, Futebol, Gil, Goiás, Gol, Guerrón, Henrique, Herrera, Hugo, Jeferson, Joel Santana, Jonathan, Jonilson, Kléber, Leandro Guerreiro, Leonardo Silva, Loco Abreu, Lucio Flavio, Marcão, Marquinhos Paraná, Pedro Ken, Rafael Moura, Rafael Tolói, Renato Cajá, Rodrigo Callasa, Roger, Sandro Silva, Sebastian Abreu, Somália, Thiago Ribeiro, Vasco da Gama, Victor Simões, Wellington Saci, Wendel Santos
27/05/2010 às 18:05 |
Esta derrota era prevista. O Botafogo perde muito sem o Herrera.
O início do jogo foi lamentavel com o time apresentando uma postura covarde. No segunto tempo melhorou em decorrencia da grande partida que o Somalia fez e da falta de impeto do Cruzeiro. Mas o que o jogo mostrou mesmo, para mim claro, é que não temos um camisa 10 não temos alguem que em um momento dificil pede a bola e se torna dono do time. Lucio Flavio que seria a grande esperança insiste em recusar o papel e além de tudo some em jogos como o de ontem.
obs: Alex mostrou que pode ajudar. Diguinho ontem foi lamentavel.
27/05/2010 às 21:26 |
André,
A derrota não estava prevista. O Cruzeiro curtia a ressaca da eliminação na Libertadores e estava jogando mal em casa.
O início foi mesmo lamentável pela postura tática do Joel que apostava no 0x0 para soltar o time na segunda etapa.
O Botafogo está correndo mais do que os outros times e a preparação física pode ser um diferencial nos jogos difíceis.
Devemos notar que o Lucio Flavio joga recuado e ajuda na marcação. E isso com três zagueiros e dois volantes!
Foi um erro deixar o Renato em campo e tirar o Lucio.
Aquela última falta batida pelo Marcelo Cordeiro, pela direita, era perfeita para o nosso camisa 10, mas ele estava no banco.
O Botafogo jogou melhor que o Cruzeiro e deixou passar três pontos importantes.
Mas que time pode se dar ao luxo de perder três atacantes titulares e ainda assim manter o nível?
No futebol atual? Nenhum. Nem mesmo o Barcelona de Messi.